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Todos os pescadores
amadores têm como sonho, comprar seus próprios barcos e carretas. Porém, não
são todos que podem investir num conjunto novinho em folha. Então a única
saída é comprar tudo usado. Exatamente aí começam os problemas. O barato
pode sair caro, se você não tiver cuidado.
Muitas vezes, um motor pode
até ter poucas horas de uso, ou então ser de fabricação recente. Entretanto,
isso não garante que ele esteja em ótimas condições de uso. Infelizmente, os
motores de popa considerados pequenos (entre 4 HP e 25 HP) não saem de
fábrica com contagiros nem com marcador de tempo de uso. Devemos, então,
acreditar naquela frase conhecida? “Esse motor não tem nem 20 h de uso, não
useis nem seis tanques. Tá com duas pescarias”. Difícil não é? O que fazer
nessa hora?
O desgaste de um motor de
popa é muito diferente de um carro. Diversos fatores fazem com que ele sofra
muito mais que um veículo normal.
Desgaste
- Geralmente, os motores
ficam de um a três meses parados. Isso quando não ficam mais tempo. Por
esse motivo, os pistões, além de outros componentes, ficam sem
lubrificação. Quando você volta a usá-lo, seguramente, a primeira partida
será com o motor ressecado, até que cheque as primeiras gotas de gasolina
com óleo. Os fabricantes recomendam que em grandes período de
armazenamento do motor, deve-se tirar as velas e pulverizar um
lubrificante no orifício onde elas ficam. Pode-se utilizar o próprio óleo
que você mistura com a gasolina, TCW-3 ( o óleo cairá direto nos pistões,
permitindo um armazenamento mais seguro). Depois disso, recoloque as velas
para guardar o motor.
- 90% dos pescadores,
pesquisados, utilizam o motor em alta rotação. Ou seja, quem agüenta se
deslocar de um ponto de pesca para o outro com o motor em meia aceleração
ou um pouco mais? Isso só ocorre quando estamos num rio onde é impossível
navegar com o motor aberto (termo usado quando estamos em máxima
aceleração do motor). Imagine ter um carro em que você “cola” o acelerador
até o fundo sempre que sai de casa. Pois é, a gente deixa o motor parado
em tempão. Depois, quando o usa, exige tudo dele.
- O fato de ter de
misturar o óleo com a gasolina, às vezes faz com que cometamos erros
básicos carregando o tanque de combustível de óleo e mais ou a menos. A
princípio, pouco óleo resulta em baixa lubrificação dos pistões. Com
certeza, eles se desgastarão em muito menos tempo que o esperado. Se a
falta de óleo for muita, o motor pode fundir com poucas horas de uso. No
caso contrário, se colocarmos mais óleo que o necessário, as velas podem
encharcar. Os prejuízos não são grands, porém, pode ser difícil ligar o
motor com as velas encharcadas. Em algumas ocasiões, ele pode até morrer
em funcionamento, se houver exagero na proporção óleo/gasolina. Além
disso, a pessoa de quem você está comprando o motor pode não ter tido o
cuidado de utilizar óleos compatíveis com as especificações dos
fabricantes (o óleo TCW-3).
Mesmo assim, não se deve
descartar a hipótese de se comprar motor, barco e carreta usados. Mas os
compradores devem ter alguns cuidados para adquirir seus conjuntos.
Se puder, compre tudo novo.
Hoje em dia, além dos consórcios, existem financiamentos com taxas
relativamente baixas e prazos de pagamentos longo. Caso a única
possibilidade seja mesmo partir para um conjunto usado, leia as dicas a
seguir:
Motor
- Procure comprar em uma
loja do ramo que ofereça garantia sobre as condições do produto. Dê
preferência aos revisados pela loja e que possam sair com nota fiscal e
uma garantia por escrito, mesmo se for de 30 dias. Caso sua opção seja
adquirir de um particular, procure alguém conhecido, especialmente aquele
amigo que pesca com você. Assim você saberá os cuidados que ele tem com a
máquina.
- Teste o motor em
funcionamento e tente ouvir se não existe nenhum barulho estridente em
alta rotação.
- Verifique se a água sai
normalmente pelo vigia do motor (orifício próprio de escape de água do
sistema de refrigeração). Se isso não ocorrer significa que o rotor da
bomba d’água pode estar danificado e fatalmente o motor poderá
superaquecer danificando-o bastante. Isso se já não ferveu.
- Depois de aquecê-lo por
uns 10 minutos, procure fazê-lo funcionar pelo menos mais 10 minutos
engatado e em alta velocidade em um tanque com água. Nessas condições, os
problemas podem aparecer mais facilmente.
- Se possível, peça para
desmontar a rabeta e verifique o estado de suas engrenagens e do eixo
principal.
- Averigue o estado
externo da rabeta. Marcas fortes de batidas significam pouco cuidado com o
equipamento.
- Se tiver oportunidade,
teste-o em uso com barco durante pelo menos 2 h. À vezes, os testes em
tanques podem não ser suficientes.
- Faça o possível para
testar o motor com a presença de um mecânico especilializado na marca que
você está adquirindo.
- Levante a procedência do
motor. Descubra o último dono para perguntar sobre o uso geral do motor
quando em seu poder.
- Procure obter a nota
fiscal original do motor. Se for um pouco antigo, isso poderá ser difícil,
mas é importante tentar conseguí-la.
Esses procedimentos podem
diminuir o risco de se comprar um motor em más condições, mas não garante
que estejamos comprando um motor em ordem. Como já foi citado, o ideal é
comprar um motor novo. Uma máquina 0 km, bem cuidada, pode ser sua
companheira de pesca pelo resto da vida, sem ter de pensar na troca.
Barco
- Compre um barco
compatível com seu motor. Normalmente, os barcos apresentam, em seu
documento ou em uma plaqueta de identificação neles fixada, a capacidade
máxima de motor que deve ser utilizado, assim como a capacidade máxima de
carga e lotação de pessoas.
- Teste-o na água para
verificar se não existem grandes vazamentos ou trepidações, em movimento.
- Defina qual tipo de
pescaria você realizará com mais freqüência (rio, represa ou mar). Existem
barcos com fundo em V ou fundo chato. Tipo chata, semichata ou
tradicional.
- Qualquer tipo ou tamanho
de barco deve ser registrado na Capitania dos Portos. Por isso, exija os
documentos originais do barco para poder transferi-lo em seu nome.
- É necessário o porte de
seguro obrigatório da embarcação.
Carreta
- Compre uma carreta no
tamanho ideal para seu barco.
- Assim como os
automóveis, elas precisam de documentação própria.
- Possuem números de
chassis e têm de ser licenciadas todo ano. São isentas somente de IPVA e
seguro obrigatório.
- Verifique a tonelagem
máxima de carga que ela suporta.
- Evite ao máximo usar
pneus gastos.
- Peça a seu despachante
de confiança para verificar a regularidade da documentação da carreta,
inclusive fazendo vistoria antes de comprá-la.
- Dê muita importância à
parte elétrica da carreta. Normalmente, a Polícia Rodoviária é mais
exigente com o bom funcionamento das setas, lanternas e luz de freio da
carreta do que do próprio carro. O que está correto, pois é muito mais
arriscado dirigir “arrastando” uma carreta.
Dicas complementares
Para pilotar um motor de
popa, é obrigatório portar Carteira de Arrais. Documento equivalente ao da
carteira de motorista só que para rios e represas. Existem cursos de uma
semana para se habilitar.
O uso de colete salva-vidas
é indispensável. Compre um compatível com seu peso e homologado pelos órgãos
competentes.
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