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No Rio de Janeiro, muitas das melhores opções de felizes pescarias estão a
distâncias de um quarteirão ou pouco mais.
Falar de pesca no Rio de Janeiro requer, dos pescadores mais exigentes,
entender um pouco mais de geografia do que se imagina. O estado é,
possivelmente, o único do Brasil com todas as mais distintas possibilidades
de pesca em distâncias tão curtas.
Tendo o centro da capital como ponto de partida, o esportista encontra, em
um raio de até 150 km, quaisquer modalidades de pesca ou espécie de peixes
que desejar e com fartura. Mar, rios, represas ou canais, praias, costões,
ilhas, barcos, traineiras ou pesca de oceano, robalos-flecha, tucunarés,
dourados (tanto o de água salgada como o de doce), pirapitingas, trutas,
pampos e mais uma incontável variedade para encher os olhos dos fãs do
esporte. Onde, como e o quê cariocas ou visitantes quiserem pescar, o Rio de
Janeiro tem.
Talvez por esse motivo é que aí ainda não ocorreu o mesmo crescimento dos
pesque-pague em comparação, por exemplo, com São Paulo e Minas Gerais. O mar
fica dentro da própria capital do estado, seja por meio de sua imensa Baía
de Guanabara que resiste tanto à poluição como à pesca predatória, ou pelas
belas ondas, nas praias em mar aberto, que proporcionam o lazer local mais
popular.
Isso sem falar nos morros, nas florestas e nas serras que compõem a cidade e
seus arredores, a exemplo de Itatiaia, Visconde de Mauá, Friburgo,
Petrópolis, Teresópolis e Serra do Mar, entre outras, que abrigam belos rios
e represas.
De Rio das Ostras e Búzios, Litoral Norte do Estado, a cerca de 150 km da
capital, à Angra dos Reis e Paraty, no Litoral Sul, acha-se as pescarias
mais variadas para todos os tipos de pescadores. Aí se incluem, desde os fãs
de robalões de Barra de São João e Mambucaba, aos que preferem pescar trutas
e pirapitingas de fly nas serras de Visconde de Mauá ou da Bocaina (divisa
com São Paulo).
Os tucunarés presentes nas grandes represas e os dourados de rio de até 11
kg podem ser capturados nas regiões de Itaocara, Miracema, Santo Antônio de
Pádua e nos afluentes do Paraíba, no interior. Estão a pouco mais de 150 km
da metrópole, portanto, bem mais próximo do que o Pantanal.
Nesse universo de possibilidade, entretanto, as práticas mais populares e
que revelam a verdadeira vocação do estado no esporte, são as de praia e de
pedra ou costão. Sem considerar as embarcadas, que têm crescido muito
ultimamente.
Faremos então um roteiro com dez pontos de pesca, divididos em locais para a
de praia e aqueles para costão, todos praticamente dentro da cidade. Para
determinar esses locais, foi também levada em conta a possibilidade dos
pescadores irem e voltarem no mesmo dia, tendo como base a capital, sem a
necessidade de hospedagem.
Assim, quem quiser usar esse roteiro não precisará percorrer mais de 60 km
de distância do centro do Rio de Janeiro. É importante porém, salientar dois
aspectos básicos, um de cada das modalidades abordadas.
A pesca de praia pode ser considerada, dentre todas as modalidades
conhecidas, a mais complexa. Porque, além de técnicas, o pescador precisa
saber interpretar todas as circunstâncias meteorológicas e naturais
possíveis, como mar agitado, ventos, correntezas e marés, entre outras.
Isso exige raciocínio lógico e material adequado para arremessos em
distâncias variadas, Também é necessário um bom grau de experiência para não
se frustrar ao sair da praia com poucas capturas.
Para pescar em pedras ou costões, vale lembrar que, além das variações climáticas
citadas acima, as pedras oferecem riscos derivados de suas condições que põe
à prova a própria destreza dos pescadores. Os inexperientes podem se vitimar
até quando as pedras estão secas, com o tempo e o mar bons.
Esses recursos geográficos do Rio de Janeiro, desde antigamente, são
estratégicos para a segurança militar. Esse aspecto limita, em parte, a
presença de pescadores nessas áreas.
Há, entretanto, os locais permitidos pelas autoridades, que fornecem
autorizações por carteiras com validade e pagamento anuais. Não seria
exagero conceituá-los como pontos de pesca excepcionais.
O Exército, a Marinha e a Aeronáutica coíbem, em suas áreas de controle
(tanto as marítimas como as de rios e canais), todas e quaisquer atividades
de barcos de pesca, recreativas ou profissionais. Dessa forma, impedem a
ação da pesca predatória e dos famosos marisqueiros, que raspam literalmente
todas as pedras do local para se abastecerem de frutos-do-mar.
As forças militares compreendem que nossa pesca esportiva em nada afeta o
ecossistema local, muito pelo contrário. Têm consciência de que, na medida
em que gostamos do esporte, passamos a dar apoio efetivo na preservação
ambiental, a fim de garantir a própria continuidade da prática.
Os responsáveis militares do Rio de Janeiro sempre incentivaram a pesca de
linha. Para isso, cadastram pescadores, dentro de um limite de permissões
que varia seguindo a região, e regulam, por meio de taxas anuais, sua
entrada e saída.
São vários os pontos reservados para áreas militares em função de sua
geografia privilegiada: Forte do Leme (ponta esquerda da Praia de
Copacabana), Forte Copacabana (ponta direita da Praia de Copacabana), Escola
Naval (dentro da Baía de Guanabara), Fortaleza São João (saída da Baía de
Guanabara), Fortaleza Santa Cruz (saída da Baía de Guanabara, do lado de
Niterói), Fortes Imbuhy e Rio Branco (conjugados, ficam à esquerda da
Fortaleza Santa Cruz, já em mar aberto) e a Restinga da Marambaia, local de
testes de armamentos com 50 km de praia protegendo a Baía de Sepetiba, além
do Boqueirão, espécie de canal controlado pela Marinha, dentro da Baía de
Guanabara.
Neste roteiro, indicamos dez bons pesqueiros, independentes de horários,
permissões e pagamentos e, com um resumo de cada um, os tipos de pescarias
praticados e peixes encontrados, além das características individuais
próprias.
PRAIA DE ITAIPUAÇU
No município de Marica, a aproximadamente 40 km do centro da capital, essa
praia fica localizada em região com uma geografia bem particular. Foi sendo
literalmente tomada pelos pescadores, principalmente por ser muito funda, de
areia grossa e mar traiçoeiro. Poucos banhistas se arriscam a nadar nessas
condições, o que favorece a prática da pesca.
Nos fins de semana, os visitantes que a descobrem se deparam com cenas que
os fazem crer estar assistindo a autênticas competições de pesca, tamanha a
quantidade de caniços fincados na areia. Com mais ou menos 12 km, essa funda
praia de tombo favorece os pescadores menos experientes pela proximidade da
circulação de peixes.
Seu lado direito termina no Morro do Elefante e pode ser opção para a pesca
de costão. Na praia, os pontos são conhecidos pelos nomes dos bares ou das
construções ao longo da faixa litorânea.
Entre eles, a Casa de Pedras, próxima do Morro do Elefante, ou Recanto, é um
pesqueiro em frente a uma falha existente na laje de pedras que fica a uns
100 m da arrebentação da praia. Os demais são o Bar do Luiz, quiosque de
beira de praia, o Bar Canal, o Bar Bumbum de Fora (também com laje próxima,
só que a 200 m da praia, o que torna difícil alcançar com arremessos mas que
permanece atraindo peixes), em frente às Ilhas Maricas, ou Bar do Francês,
em frente ao Gaivotas Clube de Pesca e, finalmente, em frente ao Hotel
Peixão, no final de Itaipuaçu à esquerda, de quem olha para o mar. Depois de
uma série de dunas à beira mar, essa praia muda o seu nome para Barra de
Marica.
Em Itaipuaçu, as iscas são fartas: tatuís duros, ou de casca mole, podem ser
encontrados lado a lado dos sarnambis ( sernambis), os pequenos mariscos que
se escondem nas areias mais fofas. A captura das iscas naturais da praia, em
função da força do repuxo do mar, das marés e da própria temperatura da
água, pode ser facilitada ou não.
Aliás, se abastecer de iscas na beira da praia ali, em dias de mar de
ressaca, é considerado suicídio. O relevo inclinado de sua beirada tem um
retorno de onda por vezes assustador. Assim, é fundamental lavar camarões
tipo ferro e sardinhas frescas para garantir a pescaria sem correr riscos.
Os peixes dali, geralmente, se alimentam numa faixa de mar que vai desde a
sua única arrebentação até, no máximo, uns 80 m de distância. São raros os
casos de precisar procurá-los a 100 m ou mais, em função das próprias
características da praia.
Encontra-se lá as mais variadas espécies, respeitando sempre o período do
ano ideal para a captura de cada uma delas: pampos, galhudos, xereletes,
cangulos, voadores, corvinas, marimbas, violas, para-terras (betaras),
riscadinhos, carapicus, cocorocas, eventuais caçonetes e caranhas (próximo
ao Recanto, por causa das pedras) e baiacus-araras (e seu delicioso
filezinho), entre outros. Com exceção das arraias, os exemplares dali, em
geral, chegam a pesar no máximo 3,5 kg.
Em Maricá, além do Gaivotas Clube de Pesca, existem mais três clubes, o
Sudeste, o Veneno e o Maramar. Dessa maneira, a cidade pode ser considerada
verdadeiramente vocacionada para a pesca esportiva.
PRAIA DE PIRATININGA
Localizada a meia hora da capital, essa confortável praia de Niterói é uma
alternativa muito agradável pela urbanização. Proporciona também bastante
regularidade em capturas. Assim como Itaipuaçu, Piratininga está entre os
pontos mais procurados pelos organizadores de competições e torneios de
pesca.
Sua profundidade não chega à de Itaipuaçu, apesar de apresentar, em geral,
os mesmos tipos de peixes, incluindo-se ainda piraúnas e vermelhos
olho-de-cão, que circulam melhor nesse ponto por ser mais estreito e cercado
de pedras pelos dois lados.
Quando o mar entra em ressaca, são comuns, na praia e nas linhas, pencas de
mariscos desprendidos das pedras pela força das águas. Por isso, aumenta
bastante a possibilidade de fisgar marimbas e piraúnas.
Entre as comodidades estão o estacionamento fácil e a alternativa de fritar
os peixes capturados, nos sempre receptivos quiosques de beira-mar.
Por não ser uma praia muito funda, o recurso de arremessar longe, em certas
situações, pode salvar uma pescaria, apesar da beira da praia e de sua faixa
de espuma oferecerem grande quantidade de galhudos, riscadinhos, papa-terras
e cocorocas.
PRAIA VERMELHA
Poucos pescadores cariocas ousam dar valor à Praia Vermelha. Além de possuir
uma das mais belas
paisagens da cidade, com o pão de Açúcar e o bondinho à
esquerda, ainda se mostra rica em peixes, sobretudo em determinadas épocas
do ano.
Situada um meio a uma área militar, o horário de pesca, em dias de sol,
costuma ser liberado, pelo exército, somente após as 14 h, o que não chega a
ser transtorno. O melhor horário para pesca inicia às l6 h e entram noite a
dentro, com direito à segurança e à iluminação.
A Praia Vermelha é praticamente a primeira fora da Baía da Guanabara, além
de ser a mais próxima do centro da capital. Fica no bairro da Urca (sede do
Barracuda Clube de Pesca).
Por essas razões, é possível que, devido ao movimento contínuo de entrada e
saída das marés da Baía de Guanabara, possa estar suja de detritos oriundos
da baía, o que não é suficiente para considerá-la poluída. Até porque a
maioria dos seus peixes provém de cardumes de passagem.
A praia é muito pequena, com pouca areia, o que o torna, sobretudo de março
a maio, muito concorrida pelos pescadores. Ali espremem atrás de carapicus,
xereletes, cavalinhas, enchovetas e até galos-de-penacho grandes. A captura
de lulas no local também é fantástica, de bóia ou de corrico.
A lamentar, apenas, a concorrência desleal dos arrastões dos profissionais
que chegam a distâncias ridículas da areia e praia e do costão, na ânsia de
dizimar os cardumes que ali vão se reproduzir ou procurar águas abrigadas.
Uma vergonha, infelizmente ainda sem punição.
Por ser funda, calma e protegida de ressacas, ali é difícil a captura de
iscas naturais, a não ser nas pedras. Nesse sentido, novamente, é
fundamental levar camarões, sardinhas ou lulas.
Vale a pena, inclusive, usar, por mais insólito que pareça, peito de frango
como isca. Muito usada no Rio por ser mais barata que camarão tem alto grau
de eficiência, sobretudo para predadores, como o xerelete e a enchova.
Funciona para várias outras espécies também.
PRAIA DE COPACABANA
A princesinha do Mar, como é conhecida, também povoa as mentes dos
pescadores com sua fama e fantasia. Dali, dificilmente se sai sem pegar
algum exemplar.
Com quatro quilômetros de extensão, indo do Leme ao Posto Seis, Copacabana
possui pesqueiros interessantes e bem definidos para a pesca de praia.
Nem só os moradores locais pescam lá, apesar do bairro abrigar o clube
campeão estadual e brasileiro de pesca de praia, o Abissal. Tem, com
certeza, um grande contingente de pescadores e equipes de pesca dentre os
seus quase dois milhões de habitantes.
Muito bem iluminada, permite, na maioria dos seus pontos, a pesca noturna
sem necessidade de lampião,
Copacabana oferece fartura na pesca de espuma,
onde encontra-se galhudos, papa-terras, riscadinhos e muitos outros de bom
porte. Também à meio e longa distâncias ( às vezes, longa mesmo ), há locais
onde se acha grandes corvinas, violas, cocorocas e até bons linguados e
pampos.
Entre os pesqueiros mais procurados está o do Posto Seis, pela calmaria de
suas águas protegidas e bem iluminadas à noite. Já velhos freqüentadores se
reúnem em frente ao Posto Quatro, na altura da Rua Constante Ramos. Diante
do Copacabana Palace e Hotel Meridién, pega-se bem corvinas, sobretudo no
inverno.
As iscas utilizadas nessa praia são tradicionais, sendo que lulas têm
servido bem para fisgar corvinas. Esse esporte no cartão postal mais famoso
do mundo, já transporta para um universo que só mesmo um pescador poderia
sentir, em sua paz, próximo à agitação que paira a pouco mais de 200 m em
volta.
PRAIAS DA BARRA DA TIJUCA E DO RECREIO DOS BANDEIRANTES
Com extensão aproximada de 20 km, do seu início, na Praia da Barra da
Tijuca, até a ponta do Recreio dos Bandeirantes, fica uma área riquíssima em
peixes e muita badalada e freqüentada por banhistas e surfistas. A presença
desses outros esportistas inviabiliza a pesca em fins-de-semana ensolarados
e sobretudo no verão, em certos trechos e durante determinados horários.
A praia é toda rasa, de águas claras e limpas, com várias arrebentações,
bancos de areia, buracos fundos e muita espuma quando o mar está agitado.
Pela descrição, supõe-se facilmente que estamos diante de uma fartura de
pampos, galhudos e papa-terras.
Isso, não obstante a existência de quase todas as demais espécies de praia,
sendo que enchovas sempre circulam na beirada atrás de suas vítimas. Ainda
que cada vez mais raros, robalos e linguados ainda podem dar o ar de sua
graça, na beira-mar mesmo.
Apesar dessa variedade e quantidade, a orla na Barra da Tijuca e no Recreio
pode ser considerada ingrata para a pesca em função da constante variação de
seu fundo de areia. Entram e saem ventos e marés e o fundo do mar já se
diferencia, proporcionando bancos de areia e buracos onde há pouco tempo não
existiam.
Isso acarreta grandes emoções e frustrações. Os pescadores podem sair
repletos de peixes ou mesmo xingando a pobre da praia. Por essas
dificuldades, os locais exigem recursos técnicos que só os melhores
pescadores possuem, como arremessos de até 150 m ou mais, para atingir
canais mais profundos, longe da beirada rasa e dos bancos de areia.
As iscas de areia (tatuís, sarnambis e minhocas de praia) costumam ser
freqüentes e os pampos da região adoram os tatuís de casca mole (em mudança
de casca).
Alguns pesqueiros são conhecidos pelos nomes dos quiosques da praia ou pelos
bares e hotéis da orla marítima.
Assim sendo, da Barra para o Recreio, temos o Barra Beach Apart Hotel, bom
para pampos e marimbas, em função de uma laje de pedras mais distante, a
Barra do Pepe (idem), o Posto Shell (muito procurado à noite pela boa
iluminação),
o Quiosque Barão, o trecho chamado de Reserva (por possuir
vegetação de restinga, embora não existam quiosques, nem estacionamento e no
mar haverem muitas lajes próximas que, às vezes, inviabilizam arremessos),
próprio para carapebas, marimbas e pampos, e a ponta do Recreio dos
Bandeirantes, lugar disputado por surfistas e pescadores.
Até o local chamado de Reserva, a Barra possui excelente iluminação, o que
dispensa o uso de lampiões à noite. A partir desse ponto, portar luz
torna-se indispensável.
Em um cômputo geral, as praias da Barra e do Recreio são muito boas para a
modalidade de arremesso. No entanto, não se pode arriscar dizer que qualquer
pescador em todas as ocasiões lá terá sucesso, apesar da ótima estatística
na captura de espécie na faixa dos três quilos.
PRAIA DO GRUMARI
Ao seguir pelo litoral na direção da Restinga da Marambaia, área sul da
cidade do Rio de Janeiro, encontra-se uma praia espetacular, à uma hora de
carro do centro, a Reserva Ecológica do Grumari. Não existem construções,
nem quiosques, só vegetação de mata tropical e restinga, ideal para pesca de
linha, embora seus fins-de-semana de sol sejam plenos de banhistas.
Apesar de ser rasa, não sofre tanto as influências das marés e correntezas
como a da Barra da Tijuca. Seus pontos principais se localizam nos dois
extremos, sendo que, à direita, ela termina num costão e, à esquerda, há
várias pedras grandes que a separam de um trecho de areia chamado de Praia
do Abricó.
Ainda quase em seu meio, um pouco para a esquerda, fica uma saída de rio
(com pouca água) que favorece a pesca de praia. Os peixes mais abundantes
são papa-terras, galhudos e pampos. Grumari sempre foi boa opção para tentar
robalos e linguados, cada qual em sua época certa.
Protegida pelas leis ambientais, permite em contato com a Natureza que só um
esporte como a pesca pode promover. Não deixe de conhecê-la.
A nível técnico, possibilita a pescaria na espuma e nas valas formadas pelas
depressões da areia, ou dos canais, como queiram. Deve-se sempre procurar
entender a geografia de fundo das praias para procurar os peixes nos locais
certos, como atrás das ondas, nas partes mais fundas e assim por diante.
PESCA DE COSTÃO OU NAS PEDRAS
Antes de abordar os últimos pontos de pesca, todos de costão, nunca é demais
lembrar os riscos que a modalidade oferece. Para o iniciante no local, ou
até para os mais afoitos, vale lembrar que “seguro morreu de velho” e é
importante procurar pescadores experientes para obter maiores informações a
respeito do local escolhido.
As condições do mar e os riscos das ondas que batem contra as pedras são
aspectos a ser necessariamente verificados. Até quando não chove por dias,
em função de frentes frias localizadas no oceano, pode se apresentar bravio
e perigoso, com pedras úmidas e escorregadias. As devidas precauções dão
essenciais.
PEDRA DO LEME
Fica à esquerda da Praia do Leme, nome dado ao último quilômetro da Praia de
Copacabana. Até 1982, se apresentava como um costão repleto de pedras
soltas. Naquele ano, foi construído ali um caminho, denominado dos
Pescadores, cimentado e preparado para receber os caniços de aficionados.
Agora urbanizado, o Caminho dos Pescadores do Leme atrai muita gente todas
as noites em busca de espadas, enchovas, xereletes, olhos-de-cão, marimbas e
papa-terras. Para quem vê a Pedra do Leme da areia da praia, as bóias de luz
(para pesca de espada) cruzando o ar dão a impressão de um show de estrelas
cadentes no céu.
Por ser concorrido, abriga pessoas que praticam o esporte, até mesmo todos
os dias, quase tornando cativos os seus lugares. A disputa pelos melhores
postos o torna um pouco problemático para quem não tem o hábito de
freqüentá-lo.
Uma certa dose de paciência sempre resolve. Normalmente procurado à noite,
pela manhã, e em certas épocas, o pesqueiro da Pedra do Leme oferece bons
ataques de xereletes, enchovetas e sardinhas. Depois que o sol se põe,
entretanto, nos 250 m do caminho que beira o mar pelo costão, a pescaria
mais interessante é de lulas.
Realizada com pequenas bóias, pernadas de 50 cm a um metro e um “zagareio”
traz sempre resultados interessantes. O zagareio é uma isca feita para
corricar esses moluscos, repleta de pequenos alfinetes, também aproveitada
para a colocação de iscas naturais (manjubas ou da própria lula) para a
pesca com bóia.
Quando as lulas a abraçam as iscas naturais e as bóias afundam. Deve-se
recolhê-las sem folgar a linha ou dar ferradas, pois elas vêm agarradas e
não fisgadas.
Pelo excesso de pescadores que usam esse sistema, corricar pode gerar
problemas com os vizinhos. No período de espadas e vermelhos olho-de-cão, a
quantidade de peixes que encosta na Pedra do Leme chega a ser assustadora.
A maior ocorrência desses cardumes costuma ser entre setembro e dezembro.
Além dos cardumes, uma pescaria de fundo também costume render bons
para-terras e corvinas, além de alguns marimbás.
PEDRA DO ARPOADOR
Situa-se entre o Forte Copacabana, na ala direita da praia do mesmo nome, e
a praia de Ipanema, a Pedra do Arpoador ainda tem à sua esquerda a Praia do
Diabo.
Além de oferecer uma belíssima vista de toda Ipanema e um pôr-do-sol
invejável, abriga um excelente pesqueiro por estar num ponto obrigatório de
passagem de peixes.
Pode ser considerado até um ponto de captura de espécies extremamente
esportivas e nobres. É ótimo para iscas artificiais, por ter várias entradas
de pedras que facilitam o corrico no mesmo nível do mar.
Robalos, enchovas, xereletes e até olhetes se aproximam das pedras para se
alimentar dos cardumes de manjubas e sardinhas que ali circulam. Vermelhos
olho-de-cão, espadas, marimbas e piranjicas também são comuns, além das
lulas, fartas com o mar calmo dos meses de janeiro a março.
Não há uma época especificamente melhor para pescar no Arpoador, sobretudo
pelo siclo de andança dos peixes de cardumes, que se revezam durante todo o
ano ao redor das pedras. O uso de bóias de luz para espadas e os métodos
convencionais para as outras espécies são muito praticados.
Em função do crescimento e divulgação da pesca de corrico com iscas
artificiais, vêem-se excelente resultados no Arpoador à noite, sobretudo em
espadas e robalos.
A captura de enchovas, melhor no mar agitado, só requer os cuidados
necessários com as pedras, muitas vezes enganadoramente lisas e mortais.
Tanto o lado direito da pedra, junto à Praia de Ipanema, quanto o esquerdo,
de frente para a Praia do Diabo, são os mais procurados.
Para as enchovas, costuma-se pescar de frente para o alto-mar. As iscas mais
usadas são os mexilhões, corongodós, sardinhas, majubas e lulas (para pesca
das próprias lulas), tatuís e camarões, além do peito de frango, é claro.
PEDRA DO CANTO ESQUERDO DA PRAINHA
A Prainha, conhecida daqueles que praticam surfe, é estreita e funda, com
ondas regulares e cercada de pedras. Do lado esquerdo, com entrada pelo alto
do morro, por onde passam os carros, há um mini-estacionamento usado pelos
pescadores que por ali descem para as pedras melhores para o esporte.
Ali precisa-se pescar com mar calmo, ou pouco agitado, devido às pedras
serem baixas em relação ao nível do mar. Ao descer do morro, vira-se à
direita e logo se percebe o local.
A pesca ali é puramente de pedra. A de fundo convencional traz certeza de
perda de material. Com muitas rochas submersas, torna-se excelente ponto
para robalos, corvinas, peixes-galo, xereletes e xaréus, entre outros.
A pescaria de “jogadinha”, com chumbo oliva solto na linha e um único anzol
na ponta, é o método mais eficaz para o local, com isca de camarão ou
sardinha. O ideal são os camarões vivos ou uns peixinhos típicos dos canais
da Barra da Tijuca apelidados de “barrigudinhos”.
Os camarões vivos são caros, porém, de eficiência indiscutível. Com eles,
pode-se capturar quaisquer espécies, desde garoupas a baiacus-mirins,
indesejáveis ladrões de iscas.
Encontrá-los no Rio de Janeiro não é difícil, pois existem vendedores de
camarões-vivos, por exemplo, em Barra de Guaratiba (após a Barra da Tijuca),
na Ilha do Governador, em Piratininga (Niterói), na Ponta da Areia (Niterói)
e na Ilha da Madeira (próximo a Itacuruça), entre outros locais.
Pescar com o sistema de jogadinha, entretanto, requer paciência e muitos
chumbos e anzóis de reserva, devido ao excesso de perda de material. O lado
esquerdo da Pedra da Prainha se constitui de um paredão alto com
característica de pesca semelhante ao direito e também com grandes índices
de perda de tralha.
No entanto, para peixes nobres como robalos, muitas vezes, vale o
sacrifício. Nessa área, já foram capturados espécimes na faixa dos cinco
quilos, além de boa quantidade de corvinas e grandes piraúnas. Além das
iscas artificiais e das vivas, os mariscos, os caranguejos, os tatuís e os
camarões são recomendados.
MORRO DOS CABRITOS
É fantástico, mas exige severa precaução dos pescadores de pedras. Como o
nome indica, o morro mais parece uma ilha para criar cabritos, por ser uma
pedra grande e com acesso melhor pelo lado esquerdo. Fica situado na ponta
do extremo do Recreio dos Bandeirantes.
Quando a maré está cheia, o mar cobre a praia e transforma a pedra numa ilha
de fato. Aí, só se chega, às vezes, com água pela cintura. Depois que se
acessa a trilha que percorre quase 70% do Morro dos Cabritos, numa caminhada
- também para cabritos – tem-se um visual para poucos.
No meio dessa caminhada, chega-se a um local de pesca apelidado de Os
Cagões, por ser um ponto final para os sem coragem de atravessar uma
pinguela. Essa ponte, feita de madeira e cabos de aço, percorre uns 20 m por
cima de um quase precipício.
Não que seja difícil ultrapassar tal obstáculo – muitos jovens o fazem por
lazer nos fins-de-semana. Porém, para pessoas que de fato a receiam, é
conveniente não forçar a travessia.
Passada a pinguela, encontra-se uma corda de aço para uma descida de uns
cinco metros, sem riscos. Então, enfim, se está apto a descobrir os
excelentes pesqueiros do local. A pesca é produtiva, independente da
modalidade escolhida: isca artificiais, bóias, jogadinhas, camarões vivos,
fundo, ou o que mais interessar ao pescador.
Por ali, todos os peixes são possíveis. Mas as melhores pescarias são as de
robalos, xaréus, paratis-barbudos (quando o mar está espumando), marimbas,
piranjicas, linguados e corvinas grandes. Não raro, profissionais colocam
suas redes próximas das pedras e enchem seus barcos de bons peixes.
Após esse pesqueiro e, tendo ultrapassado a pinguela, passa-se por uma
espécie de caverna e sobe-se por entre uma pequena vegetação para ter acesso
a outros pontos. Um deles, de frente para duas enormes pedras afundadas,
ótimas para a pesca de robalos, e os dois outros, chamados de Poção e de
Buraco da Velha, o último antes do paredão que se encerra na grande fenda
que empresta no nome ao local.
Para pesca de fundo, aconselha-se ficar de frente para o mar aberto, para
procurar atingir um fundo de areia. Nos outros lugares, a pesca de jogadinha
ou de bóia dá mais resultados.
É local espetacular, mas, devido às suas peculiaridades, aconselhamos a ida
junto com alguém que o conheça. A área para a pesca de garoupas e badejos é
bem produtiva e ainda há muitos que passam a noite capturando espadas.
Como podem ver, opções, na realidade, não faltam. Entre as inúmeras opções
que o Rio de Janeiro oferece, essas são as mais próximas ao Centro da
cidade, o que não impede de, cada vez mais explorar locais isolados e
distantes.
É lógico que muitos cariocas e até pescadores de outras localidades já
visitaram tais locais, até por serem turísticos. Assim como muitos ainda o
irão fazer. Por isso, da próxima vez que visitarem o estado, não esqueçam a
tralha de pesca que as iscas a gente arruma.
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